Os figurinos de Once Upon a Time são uma mistura perfeita de fantasia e moda moderna. Com os personagens trocando seus egos regularmente entre o mundo real e dos contos de fadas, começam a entrar em cena alguns trajes requintados e se transformado em mundos distantes e muito além. O cérebro por trás dessas criações, Eduardo Castro, é um estilista que está na indústria da moda há mais de 30 anos. Com seus trabalhos exibidos em séries como Ugly Betty, Miami Vice e Castle, ele traz seu talento para o set de Once Upon a Time e fornece peças mágicas semana após semana.
Castro falou com a Voice on TV sobre seu processo criativo por trás desses figurinos extravagantes, onde ele orienta sua inspiração, e quais os desafios que ele enfrenta ao criar estas obras de arte.
Qual é o seu processo quando você está projetando e criando um novo traje?
Eduardo Castro: Depende do figurino é para quem será. Isso varia. Se eu estou fazendo a Rainha Má, ela tem uma fórmula. Também depende dos tecidos que estão disponíveis, o tipo de vestido que vamos fazer para ela. Se esta é uma fantasia moderna é completamente diferente. Trajes modernos são um pouco mais difícil de fazer do que os trajes personalizados. Eles, em geral, são muito mais difíceis. O que quer que você procure, nunca está disponível nas lojas, isso faz parte do problema. Se você está procurando por um determinado tipo de bota ou sapato, ele não só não estará lá como o tamanho não vai estar certo. Isso sempre acontece dessa forma. Realmente depende dos personagens. Nós só fizemos algo steampunk se for muito bem orientado. Isso foi para um específico look em uma espécie de mundo de Jules Verne e isso envolve um traje complicado. Para essas coisas você tem que investigar e ver disponibilidade de quem pode fazer essas coisas, porque eles são um pouco mais complicadas. Isso varia. Quanto aos trajes de conto de fadas que fazemos para Branca de Neve, a Rainha Má ou Rumpelstiltskin, eles são baseados no conceito básico de conto de fadas que tivemos desde o início e, em seguida, avançamos a frente. O nosso principal problema é o tempo. As vezes temos cerca de 6 a 7 dias para ter todo material e cerca de 3 a 4 dias para fazer os figurinos. É um pouco corrido.
Você normalmente escolhe o tecido antes de projetar o traje?
Eduardo: Tecidos são os mais difíceis, porque eles não estão disponíveis em Vancouver, eles têm que ser trazidos de Los Angeles. Por estarmos na 6º temporada, nós temos um estoque enorme de tecidos que trouxe no início do ano, um monte de Brocades que usamos na Rainha Má, por exemplo. O tecido determinará se o vestido será bufante, se será um vestido estilo casaco, ou se será uma jaqueta. Os tecidos vão me ajudar a descobrir o que vamos fazer. Por causa da restrição de tempo, temos uma fórmula para a Rainha Má e nesta temporada ela está em cada cena e em todo episódio, e tem uma nova roupa a cada episódio. Com cada fantasia você tem que fazer 2 ou 3 delas, por causa dos dublês e duplas fotografias envolvidas. Cada traje pode ter 10 metros por tecido, então você tem que encontrar metros de tela e, às vezes, é difícil conseguir essa quantidade. Mas nós temos um estoque aqui. Agora estamos criando com algo que eu trouxe de Los Angeles 2 semanas atrás. Constantemente eu vou e volto e cada vez que eu vou para Los Angeles eu pego mais um pouco de tecido para trazer aqui.
Você tem um tecido/textura favorito para trabalhar com determinados personagens?
Eduardo: Brocados italianos e seda são ótimos para a Evil Queen. Nós fazemos muitos trajes de couro para o Capitão Gancho. Estamos desenvolvendo um novo sobretudo para o Capitão Gancho e será tudo de couro. Os tecidos que usamos são caros. Os desenhos são simples, mas os tecidos tendem a ser extravagantes. Quando você olha para ele, as silhuetas são bastante semelhantes. Quando você trabalha com tecidos específicos, é mais fácil para a costureira trabalhar com os melhores tecidos, as roupas caem melhor. Eu gosto de trabalhar com brocados e sedas; costureiras de figurinos não gostam de trabalhar com certos tipos de sedas, elas são muito traiçoeiras para mexe-las. Você tem que ter consciência de tudo causa do tempo.
Você já investigou uma determinada época ou momento de inspiração para certos figurinos?
Eduardo: Nós vamos para qualquer lugar das pinturas de Fragonard e períodos e Marie Antoinette, para desfiles de 1995 e 1997. Eles são muito audaciosos e impressionante, não temos o tempo para entrar nesse mundo, mas somos capazes de chegar a alguma inspiração a partir deles.
Qual é a o seu figurino favorito?
Eduardo: Existem tantos! Eu gosto de fazer o figurino original do Rumplestiltskin. Também gosto de algumas das roupas da Evil Queen. A que está estreando no domingo é um dos meus favoritos, o do final da 5º temporada, que vai continuar sendo usado para esta nova temporada. Aquela coisa toda foi realmente um erro, um erro agradável. Acabamos usando um tecido que era uma cor que achamos que não iria funcionar, tentamos tingi-lo de preto, mas ele saiu esse rosa desbotado, rosa pálido. Então nós colocamos um tule preto sobre ele e funcionou. Mas não foi planejado. Eu acredito que era sexta-feira; tivemos que ter o tecido feito porque o vestido teve que ser feito na segunda ou terça-feira. Nós ajustamos ele na quarta-feira e ela estava filmando na quinta-feira. Era um vestido muito elaborado com o colar e todos os strass. A nossa sala de trabalho é muito boa em fazer toda esta magia para criar isso.
Eu imaginaria que tinha um tecido rosa aquele vestido.
Eduardo: Foi mais malva do que rosa, na verdade, mas quando jogou o tule preto sobre ele, ajudou. Foi muito esfarrapado até agora porque foi no meio da lama e com todas as condições adversas. Tivemos de fazer dois deles, por isso, tentamos manter um em boa forma. Chove muito aqui e ela tinha que usá-lo na floresta, ele ficou um lixo bem rápido.
Como você surge com os estilos de moda de cada personagem em Storybrooke?
Eduardo: É muito simples. Emma é praticamente uma jaqueta vermelha e jeans com camiseta ou um suéter. Henry tem usado só casaco peacoat nos últimos seis anos. Mary Margaret mudou um pouco, mas ela é um pouco mais suave na paleta de cores. Ela tem sido a mais difícil de fazer porque ela esteve grávida duas vezes. David é muito simples, ele está com jeans na maioria das vezes. São mais sobre o que seus personagens são do que qualquer coisa. Seus personagens orientam seus estilos a maior parte do tempo. Eles não são personagens com muito dinheiro. Regina, a prefeita, é muito elegante, mas é simples. Sua paleta de cores é escura e sua personagem geralmente usa saias justas e casacos. Ela é muito clássica. Nós tentamos não fazer muita coisa por cima com ela. Seus personagens desempenham um grande papel em seu vestuário.
Quando entram novos personagens, é difícil olhar Storybrooke e ver qual look que corresponde com a seu personagem de conto de fadas? Por exemplo, Malévola tinha um look muito original.
Eduardo: Sim, Malévola nós realmente fizemos seus trajes. Dedicamos um tanto de dinheiro. Ela foi completamente feita sob medida, nós que fizemos seus ternos e suas blusas. Nós queríamos fazê-la quase um gangster moderna. Este ano, temos Jasmine e Aladdin. A aparência de Aladdin é bem simples, você verá conforme a temporada irá progredir e que tipo de personagem ele é. Jasmine decidimos manter o simples, para assim oferecer um contraste com sua extravagância na terra de conto de fadas. Mesmo Zelena, que é a mais nova personagem regular, nós mantivemos ela com muito verde e peças muito simples, porque ela tem esse bonito cabelo ruivo realmente o fazem popular. Nesta temporada ela está cuidando de um bebê então sua personagem está tendo um papel diferente e as roupas refletem isso. Cada vez que um personagem vem, nós analisamos a situação, de onde eles estão vindo, qual o seu foco seguir em frente assim.
Qual é o maior desafio de Once Upon a Time em comparação com outros sets que já esteve?
Eduardo: O tempo. Once Upon a Time é muito rápido. Tivemos um grande desafio, há algumas semanas, quando tivemos de fazer roupas de mergulho muito bem elaboradas, que estarão no episódio das “20 Mil Léguas Submarinas”. Aquelas são muito difíceis, muito caras. Eu acho que na 1ª temporada a Branca de Neve interpretou uma sereia, onde ela sai de debaixo da água.
Ela era uma personagem que viveu sob o lago e saiu de debaixo da água. Tivemos de trabalhar com tecido que parecia molhado quando ele não estava e ele seria moldado quando ela saísse da água. Sua personagem foi transformada em um personagem muito diferente e ambas tiveram que usar o mesmo traje, então tivemos que ter certeza que trabalhamos para ambas. Essa foi a coisa mais difícil que já fiz.
Heróis ou vilões, qual é mais divertido para projetar o design?
Eduardo: Ambos, ambos divertidos. Capitão Gancho é do mesmo tipo; Ele começou como um vilão e tornou-se um herói, ele tem sido divertido de fazer. Rumple é sempre divertido. Os vilões sempre são divertidos, especialmente a Evil Queen; ela é a mais divertida.
As roupas dela as minhas favoritas.
Eduardo: As roupas da Lana são mesmo divertidas. Especialmente agora que ela está em todas as cenas nesta temporada. Eu não sei como ela vai permanecer viva. Ela está escrita para estar em cada uma das cenas. O design dela é, na verdade, o mais legal de projetar e ela é muito fácil. Ela usa suas coisas muito bem. Sabe como se mover nas roupas. O desafio é, definitivamente, encontrar os tecidos que tenha a metragem e bordados suficientes. Não temos bordadeiras em Vancouver. Todos os bordados sobre essas fantasias, que parecem muito elaborado, são realmente despedaçados de saris indianos. As peças são retrabalhadas. É quase como um quebra-cabeça. Pegamos todos os bordados de um sari e colocamos em um colar ou seu em corpete. As miçangas são pintadas. Estes saris são muito caros por isso temos de ter cuidado e nos certificarmo-nos de ter o suficiente. O figurino do episódio final, o bordado era de um sari muito caro que desmontamos e retrabalhamos. Tivemos que fazer isso com dois trajes, então tivemos que garantir que nós fizemos um rebordado suficiente para colocar por cima de ambos os vestidos.
O que fez você se interessar pelo design de figurinos?
Eduardo: Eu sempre fui interessado nisso. Eu fui à escola para isso. Eu fui para a escola de teatro em Pittsburgh. Comecei em cenografia e de lá flutuei para figurinos. Quando saí da faculdade, eu vim para Los Angeles e trabalhei em uma casa de trajes e é aí que eu realmente entrei no que estou fazendo agora.
Será que você nunca criar linha de roupas e expor?
Eduardo: Não, isso é uma coisa totalmente diferente. Isso é mais do design de moda e é uma maneira diferente de pensar. Eu crio coisas para personagens e eu não sou realmente um designer orientado para moda, mesmo que as pessoas pensem que sou desde que eu fiz Ugly Betty e Miami Vice. Esses dois projetos foram um fashion avançado, então as pessoas pensam que eu sou orientado a moda fashion, mas, basicamente, eu faço isso mais para os personagens do que para moda.
Ha pergunta de uma fã: Krystal quer perguntar qual foi seu pensamento no processo da armação (gaiola) por baixo do vestido de casamento de Regina.
Eduardo: Faze-lo parecer um grande vestido. Coube a silhueta, é uma grande gaiola. Nós fizemos vários vestidos de noiva – que foi realmente o meu menos favorito vestido de casamento de as que fiz na série. Nós fizemos tantos e eu odeio fazer vestidos de casamento e eles continuam jogando eles para mim. [Risos]
Certo, vamos encerrar com esta última pergunta, qual é a sua frase favorita ou lema de vida que você sempre repassa?
Eduardo: No set eu sempre digo, e eu odeio dizer isso, mas é apenas um programa de TV. Quando você está fazendo o que nós estamos fazendo, muitos dos meus assistentes ficam frenéticos e entram em pânico, eu digo “Não se preocupe é apenas um programa de TV, isso vai ficar bom, vai ser ótimo”. Porque temos pessoas tão boas que trabalham com a gente, eles se tornam muito exigente nas coisas. Sempre vivi por deixar para lá, isso vai ficar bom, como Frozen. O que acontece é que você tem que estar confiante no que está fazendo e tem que confiar de que isso vai ficar bom. Vou entrar em uma montagem e digo “Está tudo bem”, e todo mundo vai dizer “O que quer dizer com está tudo bem?” Mas eu acho que vem de eu por perto durante o tempo que eu tenho, eu venho fazendo isso há 38 anos, então porque eu tenho estado nisso há tanto tempo, eu sei que vai ficar tudo bem.
Fonte: Voice Of TV
Traduzido por Lana Parrilla Brasil